"Castelo de Wittenberg, onde Lutero fixou suas 95 teses"
No dia 31 de outubro de 1517, o monge Martinho Lutero publicou 95 teses sobre as indulgências em Wittenberg, na Alemanha. As teses foram um protesto contra diversas crenças e práticas da Igreja Romana que conflitavam com as Escrituras.
Mais tarde, Lutero foi julgado, excomungado e ficou foragido por um período no qual começou a traduzir a Bíblia para o alemão, oferecendo ao povo a possibilidade de ler as Escrituras em seu próprio idioma.
O movimento foi apoiado por diversos líderes civis e religiosos da época e se estendeu por quase toda a Europa, incluindo nações como a Suíça, França, Países Baixos e Reino Unido. O Concílio de Trento foi a principal expressão da chamada Contrarreforma. O resultado foi a divisão da Igreja Ocidental entre católicos romanos e protestantes. O movimento inicial na Alemanha se diversificou e surgiram outros reformadores, como Ulrico Zuínglio e João Calvino, que promoveram na Suíça uma reforma mais profunda, conhecida como Segunda Reforma.
A Reforma Protestante impacta sua espiritualidade hoje?
Sim! Foram as propostas teológicas dos referidos reformadores, alicerçadas nas Escrituras, que se tornaram a base de nossa doutrina. Por isso a Igreja Presbiteriana do Brasil é considerada uma igreja protestante, de orientação calvinista e reformada.
E quais são essas propostas teológicas?
São os chamados cinco “Solas” (termo latino que significa “somente”).
Veja resumo a seguir:
Sola Scriptura - somente a Escritura
Esse princípio vem em primeiro lugar porque a Escritura é a base e a fonte de todas as convicções cristãs. Ela é a única revelação escrita dada por Deus, ensina tudo o que é necessário para a salvação e a vida, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado. Nenhum autor humano, concílio ou tradição, nem qualquer experiência religiosa subjetiva, tem autoridade equivalente ou superior à do Espírito Santo falando na Escritura.
Sola Gratia - somente a graça
A graça ou favor imerecido de Deus é o único fundamento da nossa salvação, e não qualquer obra ou mérito humano. A atuação sobrenatural do Espírito Santo é que leva a Cristo, libertando da servidão ao pecado e erguendo da morte para a vida espiritual. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas não podem realizar essa transformação. A salvação é, do princípio ao fim, resultado da graça soberana de Deus.
Solus Christus - somente Cristo
A principal expressão da graça divina é Cristo Jesus, como salvador, mediador e intercessor em favor dos eleitos. A salvação é realizada unicamente pela obra reconciliadora de Cristo sobre a cruz, ficando excluídos quaisquer outros mediadores terrenos ou celestiais. Sua vida sem pecado e sua expiação pelos nossos pecados são suficientes para nossa plena justificação e reconciliação com o Pai.
Sola Fide - somente a fé
A fé, ela mesma, uma dádiva divina, é o único meio pelo qual nos apropriamos da graça de Deus em Cristo Jesus. A união dos três princípios – a graça, Cristo e a fé – constitui a doutrina fundamental da Reforma: “a justificação pela graça mediante a fé somente”. Em outras palavras, a justificação, isto é, nossa aceitação por parte de Deus, é somente pela graça, somente por Cristo, somente por intermédio da fé. Na justificação, a retidão de Cristo nos é atribuída como o único meio de satisfazer a perfeita justiça de Deus. Não somos justificados ou salvos em parte pelos nossos esforços, ou méritos pessoais. A fé, quando genuína, produz boas obras, isto é, atos de devoção e serviço que agradam a Deus.
Soli Deo Gloria - glória somente a Deus
Como a salvação é inteiramente uma obra de Deus, toda a glória pertence a ele e a ele somente. Também a vida cristã resultante dessa salvação deve estar continuamente voltada para a glória de Deus. Devemos viver nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus e para a sua glória somente. Isso inclui o culto teocêntrico, a pregação fiel e a obediência aos preceitos do evangelho, com a consequente rejeição do afeiçoamento próprio, da autoestima e da autorrealização como alvos supremos.
A melhor maneira de comemorarmos a Reforma é retornar aos seus fundamentos, com suas implicações radicais. Não precisamos de uma nova Reforma, senão de um resgate das convicções e valores que foram acentuados pelos líderes do século 16 e fazem parte da fé cristã original, da proclamação apostólica, do evangelho de Cristo Jesus.
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